Desde que voltei dos EUA em junho, queria compartilhar minha experiência e minhas conclusões sobre o que vi por lá. O motivo da viagem foi participar do evento da NACE (National Association of Colleges and Employers).
Um evento que reuniu mais de 3 mil profissionais que trabalham em Escritórios de Carreiras em universidades de diversos países.
No final das contas, esses três meses desde o evento ajudaram a refinar minha percepção sobre as diferenças com a nossa realidade. Isto porque tenho viajado Brasil a fora discutindo sobre empregabilidade com universidades brasileiras e participando de lançamentos de iniciativas de desenvolvimento de carreira (o que me alegra muito!).
Com pitadas do Complexo de Vira-lata, eu confesso, cheguei a New Orleans com uma super expectativa de conhecer programas “nunca antes vistos na história deste país”. Imaginava ingressar em um outro nível de entendimento de desenvolvimento de carreira para alunos do ensino superior.
É bem verdade que os gringos, há décadas, oferecem diversas atividades para seus alunos e os Escritórios de Carreiras são áreas já bem consolidadas nas instituições. Também é verdade que o modelo americano predominante, sob o qual o aluno ingressa na universidade sem escolher o curso e só o faz durante sua passagem pela instituição, torna quase obrigatório que as instituições destinem uma equipe para ajudar os alunos a refletirem e decidirem pelo seu futuro profissional.
Aprendi muito, conheci várias iniciativas interessantes, porém, senti que ficou faltando aquele “uau!“. Depois de participar de mais de uma dezena de workshops e apresentações de várias instituições americanas e usar cada intervalo para puxar assunto com gestores e profissionais dos Escritórios, eu saí com a impressão que a principal diferença entre nós e os yankes era muito mais quantitativa do que qualitativa.
Escritórios de Carreiras: problemas por lá
Assim como nós, eles estão buscando justificar os recursos investidos e provar sua importância dentro da instituição. Têm oferecido uma diversidade de atividades, a partir dos Escritórios de Carreiras, mas sem uma lógica que una as iniciativas. Falta um lastro conceitual que sustente as ações ao longo do tempo, eles não têm ESTRATÉGIA!
De uma maneira geral, os principais desafios das instituições americanas são os mesmos aqui no Brasil. É um mercado bastante imaturo em termos de projetos de desenvolvimento de carreira nas universidades:
- Engajamento: como estimular e manter o contato com alunos ao mesmo tempo que cria e reforça o vínculo com potenciais empregadores?
- Escala: como oferecer serviços para um grande número de alunos com recursos limitados e sem perder a qualidade?
- Formação: como acompanhar a dinâmica das competências demandadas pelo mercado e manter um canal de comunicação com a área acadêmica e de suporte para uma contínua oxigenação da matriz de formação dos alunos (hard e soft skills)
- ROI: como comprovar os resultados e justificar novos investimentos no Escritório de Carreira?
Mas, nem de perto, foi uma viagem perdida. Escutar o que universidades têm tentado nos últimos anos foi uma experiência riquíssima. Eles estão lidando com diferentes perfis e com alunos de realidades muitas vezes opostas. Conhecer o que fizeram, entender os ajustes ao longo do caminho e aprender o que foi a chave para o sucesso dos projetos transformou essa viagem em uma grande oportunidade. Pude trazer essas reflexões para o Brasil e assim posso colaborar na criação da estratégia e do plano de ação dos projetos de carreira de universidades brasileiras.
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